Crítica

Série: Norsemen

Postado em 03/08/2020

Norsemen é uma série norueguesa produzida pela NRK, e distrubuída pela Netflix. Desde o trailer, ela chama a atenção pela proposta: abordar o mundo viking de forma cômica. Acredito que o grande motivador para os criadores foi justamente propor um humor realmente fora da caixa, diferentemente da maioria das comédias enlatadas e previsíveis que Hollywood tem nos proporcionado.

A história de passa na aldeia de Norhelm em 790 D.C., e seus personagens são realmente peculiares, como um escravo romano, um irmão e sucessor do chefe sensível e carente, sua esposa guerreira, um escravo que conquistou a liberdade mas preferiu seguir na escravidão, e um guerreiro gordo e carismático, mas comandado pela mulher. Porém, logo no primeiro episódio, fica claro que não existem clichês. Apesar do cenário histórico e personagens caricatos, as crises existenciais e reflexões dos personagens são propositalmente contemporâneas.

A série lembra muito Monty Python, com reflexões e críticas inteligentes à sociedade atual apresentadas em forma de humor. O personagem central na maioria das tramas, Orm, que é irmão e sucessor do chefe da aldeia, é colocado como carente e covarde, mas esconde por trás toda sua frustração com uma sociedade homofóbica, que não estava preparada para ele. Em determinado momento, ele fala: "Estou adiante do meu tempo".

O grande herói Arvid, em outro momento, revela a fraqueza na autoestima com sua gordura, justificando que tem um problema na coluna, que acaba empurrando para frente mais do que deveria sua barriga. Um exemplo de diálogo mostra a crítica à modismos atuais. “Mostre-me um homem com uma tatuagem e eu te mostrarei um homem com uma história interessante”, diz o tatuado. “Parece que todo mundo tem tatuagem hoje em dia. Isso quer dizer que todos têm uma história interessante?”, responde o não-tatuado. O sarcasmo com a moda das tatuagens e as pessoas tentando justificar artes que simplesmente acharam bonitas e resolveram fazer, justificando alguma baboseira para isso, é evidente.

A primeira temporada é muito boa, mas a segunda consegue ser ainda melhor, e a terceira tem alguns momentos em que parece exagerar um pouco e perder o sentido, mas ainda vale a pena.