Segredos da Antiguidade

Artigo

Teorias sobre o desaparecimento de Atlântida

Atlântida: Fato ou Mito?

Postado em 17/05/2020

Desde que foi citada pela primeira vez por Platão em Timeu e Crítias, o continente de Atlântida, submerso aproximadamente 9.000 A.C., é um dos maiores mistérios da humanidade. Após mais de um século de buscas, sua existência poderia revolucionar o que conhecemos sobre as origens dos povos egípcios e americanos. Mas afinal, seria Atlântida um fato, ou um mito?

No meio científico, Atlântida é amplamente aceita como apenas um mito, e teria sido utilizada por Platão como simbologia para expor seus pensamentos filosóficos. Segundo ele, o continente localizava-se além dos Pilares de Hércules (Estreito de Gibraltar), possuía uma tecnologia muito superior, seus habitantes eram ricos e as leis, justas. Havia uma casta de 20 mil guerreiros de vida simples, mantidos pelo povo, e participavam de guerras, inclusive contra Atenas. Segundo Platão, a degradação da sociedade levou à ira dos Deuses, e um maremoto varreu o continente inteiro em um dia e uma noite.

Feita essa breve introdução, focaremos agora nas teorias sobre o continente:

Um continente no Oceano Atlântico

A descrição de Platão, lida literalmente, leva Atlântida para o Oceano Atlântico. Segundo essa teoria, levantada pelo primeiro homem a tratar o mito de Platão como uma realidade, Ignatius Donnely, em 1882, Atlântida estaria no meio do oceano, até que foi engolida por correntes marítimas. Considerando essa interpretação literal, teóricos conjecturam que a localização seria onde hoje é o Mar de Sargaços, famoso por suas fortes correntes e pelas algas Sargassum baciferum, de cor marrom e população tão densa que tornou-se famosa por afundar embarcações.

Apesar de nunca ter sido encontrado um único indício arqueológico de Atlântida, essa localização seria a mais coerente com a descrição de Platão de que estava situada em frente das Colunas de Hércules e era maior que a Libia (o nome grego para África Mediterrânica e a Ásia (apenas a Ásia menor, no tempo de Platão). Além disso, o filósofo descreveu suas águas como de difícil navegação, o que poderia ser uma referência ao Triângulo das Bermudas, que fica na porção oeste do Mar.

O que mais chama atenção para a teoria é que, caso seja verdadeira, reescreveria tudo que se acredita sobre o povoamento das américas. Platão fala que, após a destruição de seu lar, os atlantes fugiram para o Egito, levando consigo toda sua tecnologia. Vejam bem, estamos falando de 9.000 A.C., e as Pirâmides de Gizé são datadas de aproximadamente 4.500 A.C. (ainda por cima, existem teorias de que teriam sido apenas reformadas nessa época, após o dilúvio, mas falaremos disso no momento oportuno). Dessa forma, os atlantes poderiam ser o povo de origem de civilizações antigas e altamente avançadas como aztecas, maias e egípcios.

Tudo bem, mas nem mesmo uma evidenciazinha para comprovar? Talvez tenhamos. Apesar de não se falar muito nisso, em 2001 foram encontradas pirâmides de pelo menos 6.000 A.C. em Guanahacabibes, Cuba, em uma profundidade de 650 metros. Até hoje não se tem explicação sobre as pirâmides, e nem encontrei notícias de posteriores investigações, mas é possível que exista um mundo submerso a ser explorado, que revele estarmos totalmente equivocados sobre nossa história antiga.

Doñana, Espanha

Através da pista de que Atlântida ficava logo a seguir do Estreito de Gibraltar, pesquisadores chegaram a uma região na costa da Espanha, próxima à Cádiz, chamada Doñana. Atualemte coberta por crostas de lama, pedaços enormes de rocha no litoral indicam a ocorrẽncia de diversos tsunamis durante a história. Segundo os estudiosos, Atlântida estaria soterrada em baixo da lama, e seria a mesma Tarshish bíblica. Essa expedição, liderada por Bruce Blackburn em 2016, é muito recente, e ainda necessita de orçamento para escavar (escavações com lençol freático apenas nove metros abaixo da superfície são muito caras). Até o momento, as evidências apontam para blocos de pedra no fundo das águas litorâneas (que os pŕoprios cientistas admitem que podem ser apenas pedras recortadas pela natureza), e imagens que mostram concentrações de metano no subsolo de onde seria Atlãntida, indicando grande quantidade de fósseis, que seriam os corpos soterrados dos atlantes. Além disso, um sítio arqueológico 200 km ao nordeste chamado Cancho Roano poderia ser um santuário construído pelos sobreviventes.

Estrutura de Richat, Mauritânia

Sim, existem teorias de que Atlântida ficava onde hoje localiza-se o Saara. A evidência seria a estrutura de Richat, uma série de círculos concêntricos que batem com a descrição de Platão. A teoria teria reforço nos diversos fósseis marinhos encontrados no deserto, indicando que na antiguidade, houve uma inundação. Entretanto, qualquer evidência se encerra aí, e a estrutura, segundo os geólogos, é o resquício de uma erupção ocorrida há 100 milhões de anos atrás.

Atlântida ficava na Antártida

O autor Charles Hapgood, em 1958, publicou o livro “Earth’s Shifting Crost” (A Crosta Movediça da Terra), propôs que Atlântida ficava na Antártida. Com o movimento da placa tectônica mais para o sul, os atlantes teriam sido afastados pelo frio, e 12.000 anos atrás, o continente teria sido completamente coberto por gelo. Essa teoria foi completamente descreditada pelos geólogos.

O Mito Seria Baseado na Enchente do Mar Negro

Descrentes na existência de Atlântida afirmam que o mito teria surgido de um evento real: a inundação do Bósforo pelo Mediterrâneo, e consequente inundação do Mar Negro em 5.600 A.C., devido ao fim da última Era do Gelo. Esse evento, relacionado à explicação científica do dilúvio bíblico pelos historiadores, teria inspirado Platão em sua escrita, da mesma forma que outros povos no mundo tem suas próprias teorias diluvianas como purificação de uma sociedade que degenerou-se moralmente, como os hindus, maias, chibchas, quichés, entre outros.

Os Atlantes Seriam os Minoanos

A teoria mais aceita é que na verdade Atlântida não seria literalmente como descrita por Platão, mas ficaria no Mar Egeu, mais especificamente nas ilhas de Creta. Nomeados segundo seu lendário rei Minos, os minoanos são creditados como a primeira grande civilização européia, construindo grandes palácios, estradas e tendo linguagem escrita. Seu sumiço em torno de 1.600 A.C. foi um mistério por muito tempo, até que pesquisadores identificaram um vulcão submerso na ilha de Santorini, que teria entrado em erupção nessa época, gerando tsunamis responsáveis por destruir sua capital Knossos.

Expedições mais modernas tem afirmado que Atlântida ficaria na pŕopria ilha de Santorini, na caldeira do extinto vulcão. Atualmente, essa parece ser a teoria mais aceita dentro os interessados no tema. Entretanto, essa interpretação coloca os textos de Platão na categoria de mito, pois sua localização e descrição são muito diferentes, ao passo que o filósofo declara literalmente que seria uma história real e precisa. Mais importante, não existe uma única evidência arqueológica em Santorini que indique qualquer vestígio de uma cidade submersa

Atlântida Ficaria no Oceano Índico

Após a Conferência de Atlântida de de 2005, onde estudiosos chegaram a um consenso de uma checklist com 24 quesitos obrigatórios das possíveis localidades do continente perdido, teorias emergiram sobre a localização próxima à Indonésia. A base da teoria seria de que, à época, esse oceano era conhecido como Oceano Atlântico Oriental. Seguindo os proponentes da teoria, esse seria o único local que preencheria todas as 24 descrições de Platão sobre Atlântida. Entretanto, até hoje, não há registro de buscas na região.

Conclusão

Listei acima as sete principais teorias sobre Atlântida. Acreditem, existem muitas mais. O que podemos concluir desse texto com absoluta certeza é que, até o momento, não encontramos nenhuma prova definitiva da existência do continente de Platão. Entretanto, se pararmos para avaliar a evolução da história como ciência, Tróia era considerada apenas uma invenção de Homero até que Heinrich Schlieman, utilizando a prórpia Ilíada, encontrou e escavou em 1873 a lendária cidade, no monte Hissarlik, na Turquia. Pode parecer muito tempo atrás, mas estamos falando de um local continental, que ficava em um monte!

Críticos de Platão se apegam ao fato de que Atlântida não aparece em nenhum registro histórico antes dele, tendo sido ensinado a ele por Sólon, homem considerado um dos grandes sete maiores sábios da humanidade pelos gregos antigos. Dessa forma, temos diversos argumentos para concluir que Atlântica é apenas um conto, que Platão utilizou para manifestar suas ideias.

E, ainda assim, com uma imensidão a ser explorada no fundo dos mares, o interesse por Atlântida só tem aumentado. Por que será? Podemos perceber facilmente que, da mesma forma que os céticos se referem à falta de evidências, aqueles que acreditam sentem que muitas perguntas ainda não foram respondidas. Por que um dos homens mais sábios de toda história precisaria inventar um mito tão detalhado para refletir sobre a natureza humana? Como alguns povos em regiões tão afastadas do mundo compartilhavam conhecimentos tão avançados de matemática, agricultura e astronomia se não tivessem um ancestral em comum, pré-diluviano? Se a cada ano, novas descobertas arqueológicas na superfície terrestre nos fazem recalcular a história, como podemos afirmar com tanta certeza sobre o que está submerso?

Espero que o leitor tenha conseguido tirar suas próprias conclusões. Eu, particularmente, acredito que um dia encontraremos as evidências no Oceano Atlântico, próximo à América Central.